sábado, 29 de maio de 2010

À Tavernard

Antonio Tavernard nasceu, viveu intensamente e teve morte breve nessa nossa terra de além mar, segue homenagem ao "maldito" para’wara!

Como são os poetas,

esses cães ferinos!

Somente a meia-noite acordam

e ao meio-dia repousam.
 


Como são calhordas

esses poetas flostriacos,

nunca dormem ou sonham,

somente combinam fanfarras.



Como são ferinos

com suas idéias bandidas,

Com a chantagem à vista,

a modorra do espírito e a sua maldizente língua.



Como são conspícuos

esses poetas de antros.

Forjam idéias fortuitas e assinam longas listas casuais.


Como são os poetas, esses cães bandidos.



Em homenagem a Tavernard (“O maldito”)

AEconomia

Os economistas se gabam de serem parte de uma das poucas confrarias de "cientistas sociais", a base dessa fetichização encontra-se na "quimérica" forma de enxergar a realidade a partir de retas e pontos de equilíbrio. A dívida pública e o equilíbrio orçamentário podem ser aludidos nos seguintes dizeres:

Os déficits bárbaros sussurram

sobre químicas de equilíbrios distantes,

superávits se acumulam sobre as pálpebras dos tempos vazios,

quimeras numéricas se enaltecem sobre os limites dos dividendos,

contai, cantai
subtrais, submetes

Sobre as pálpebras do empolgado equilíbrio orçamentário.

Eis o orçar, fundar, fundir
Eis às equações do incontestável desequilíbrio,
desfazer a alienação, refazer a vida,
perfazer o encanto e reencontrar o dia.
Desfazer o equilíbrio,
reencontrar o contrário,
de contra o capital

Eis o mar.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Tecnologia

Prezados, após algum tempo retorno trazendo um elemento próprio da condição humana. Segue uma forma de olhar a tecnologia, boa leitura:

Eis que chegou a última tecnologia alucinante,
fruto das penúltimas metáforas.
Chegou ontem a lancinante tecnologia
como frondosa não-teoria.

Entre as setas de suas indicações via-se os cortantes
estrempidos das vociferantes invenções.
Nada percebi até a sua chegada,
maravilhosa eloqüência da
minha perdida expressão.

Não era mais humana a última tecno do milênio,
não ressoava mais grunhidos de alguma língua perdida ou
de alguma humanidade desfeita.

Ontem, finalmente, enxerguei a última tecnologia do milênio,
sangrava sobre sua própria forma a expressão de pontilhar
do resto das palavras em um dialeto inumano.

Era ontem meu necessário entender da humanidade morta,
da TÉCNICA nova.